Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes


Febre amarela: áreas de risco no Brasil

Fernando S. V. Martins & Terezinha Marta P.P. Castiñeiras

O Aëdes aegypti, que pode transmitir o dengue e também a  febre amarela, está presente em 3600 municípios brasileiros, incluindo o do Rio de Janeiro. No Brasil, não ocorre transmissão da  febre amarela  em cidades desde 1942, mas a possibilidade da transmissão em áreas urbanas existe desde da reintrodução do Aëdes aegypti no país .

Não está havendo transmissão nas cidades, porém todas as regiões do país possuem áreas (zonas rurais, regiões de cerrado, florestas) onde há risco de transmissão da febre amarela. Nestas áreas, a infecção é transmitida por mosquitos do gênero Haemagogus (principalmente) e o ciclo do vírus é mantido através da infecção de macacos e da transmissão transovariana  no próprio mosquito. O vírus da  febre amarela circula em todos os municípios das regiões Norte, Centro-Oeste (incluindo o Distrito Federal). Também circula em numerosos municípios das regiões Nordeste (no Maranhão, em todos), Sudeste e Sul. Em parte dos municípios dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Espiríto Santo embora não esteja ocorrendo circulação viral, existem condições que podem permitir a eventual transmissão da febre amarela.

Febre amarela: áreas de risco no Brasil
Região Estado
Norte* Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins
Nordeste Bahia, Maranhão* e Piauí
Centro-Oeste* Goiás  (incluindo Brasília - DF), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Sudeste Espírito Santo, Minas Gerais (todos, incluindo Belo Horizonte) e São Paulo
Sul Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
* = Todos os municípios, inclusive as capitais.

As facilidades de locomoção e o elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas de risco fazem com que a possibilidade de reintrodução da febre amarela nas cidades seja preocupante e permanente. A febre amarela é geralmente adquirida quando uma pessoa não vacinada viaja (turismo, trabalho) para o interior do país (áreas rurais, regiões de cerrado, florestas). Uma vez infectada, a pessoa pode, ao retornar, servir como fonte de infecção para o Aëdes aegypti, que então pode iniciar a transmissão da febre amarela em área urbana

As manifestações da febre amarela não dependem do local de transmissão. Não existe um tipo de febre amarela "silvestre" e outro "urbano", mas transmissão em áreas silvestres (cerrados, principalmente), transmissão em áreas rurais e transmissão em áreas urbanas. A doença é uma só. A diferença está apenas nos transmissores e no local geográfico de aquisição da infecção.O vírus e a evolução clínica são idênticos.

Os casos de febre amarela, em geral, diagnosticados em áreas urbanas. A maioria dos casos da infecção pelo vírus da febre amarela apresenta manifestações leves ou não tem sintomas. São, portanto, difíceis de serem reconhecidos e diagnosticados, mas nem por isso deixam de ser uma fonte de infecção para o Aëdes aegypti. Durante o período no qual o virus da febre amarela está presente no sangue uma pessoa pode servir de fonte de infecção para o mosquito. Uma vez infectado o Aëdes aegypti seria possível, então, a transmissão urbana da doença. Se nenhuma medida de controle fosse adotada poderia, então, ocorrer uma epidemia.

O período em que uma pessoa pode ser fonte de infecção para o mosquito é relativamente curto (três a cinco dias, a partir do início da doença). No entanto, as facilidades de locomoção e o elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas endêmicas fazem com que o risco de reintrodução da  febre amarela nas cidades seja preocupante e permanente.

Esse risco pode ser significativamente reduzido com a vacinação, pelo menos dez dias antes da viagem, de pessoas que se dirigem para áreas de transmissão silvestre e "rural", com o combate efetivo aos Aëdes e com a gradativa e sistemática vacinação das populações urbanas. Além disso, é necessário ampliar a capacidade do sistema de vigilância para torná-lo capaz de detectar em tempo hábil os casos de febre amarela, mesmo os menos exuberantes. O Brasil possui diversos Laboratórios de Referência, capacitados a realizar a confirmação do diagnóstico de febre amarela, inclusive no Rio de Janeiro. A confirmação laboratorial do diagnóstico, em geral, pode ser feita em até 48 horas.
 

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