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Centro de Informação em Saúde para Viajantes


Doenças Adquiridas Através de Ferimentos e Acidentes com Animais 


Terezinha Marta PP Castiñeiras, Luciana GF Pedro &, Fernando SV Martins

Atualizada=> 11/09/2008, 09:07 h

Durante uma viagem, uma pessoa pode ser submetida a condições que envolvam um aumento de riscos de ferimentos, devidos a traumatismos ou a acidentes com animais (mordeduras e picadas). Estes riscos existem em todos os países do mundo e nas regiões em desenvolvimento pode haver dificuldades na obtenção de assistência médica e de tratamento adequado. Estar corretamente vacinado contra o tétano poderá evitar sérios contratempos durante as viagens e a vacina anti-rábica poderá ser útil para os viajantes que se dirigem para áreas de alta prevalência da raiva, ou que tenham ocupações que envolvam o contato com animais.

Os ferimentos, quando pequenos, tendem a ser ignorados pelo viajante, mas podem, quando não adequadamente tratados, implicar em complicações infecciosas, por vezes graves e potencialmente fatais, como , sepse (infecção generalizada), tétano e, no caso de mordeduras, a raiva. Os acidentes com animais, embora possam acontecer em cidades, são mais comuns em áreas rurais. São mais freqüentes com crianças e com pessoas que vão permanecer por tempo prolongado em regiões menos desenvolvidas exercendo atividades ao ar livre.

Traumatismos e ferimentos

A ocorrência de ferimentos de natureza variada durante as viagens é relativamente comum. O risco pode ser ainda maior, em conseqüência da atividade exercida pelo viajante (esporte, turismo ecológico, exposição no trabalho) e da infra-estrutura do local de destino (disponibilidade de equipamento de proteção para atividades esportivas e de trabalho, acompanhamento de guias especializados durante turismo ecológico). Embora, na maioria das vezes, os ferimentos sejam considerados como leves, podem impedir a realização das atividades programadas dependendo da região corporal afetada ou evoluir com complicações locais (infecções secundárias por bactérias e fungos) e sistêmicas (infecção generalizada, tétano). A falta de atendimento médico adequado pode contribuir para o aparecimento dessas complicações.

Os ferimentos são lesões resultantes de uma causa externa (traumatismos) e podem ser classificados, de acordo com a integridade da pele, em fechados e abertos. Os ferimentos fechados não apresentam descontinuidade da pele e, geralmente, são decorrentes de contusões e compressões, que lesam os tecidos e podem provocar rompimento de vasos sangüíneos. Dependendo da intensidade do trauma, outras estruturas mais profundas, como músculos, ossos e órgãos, podem ser lesados junto com a pele. As manifestações clínicas mais freqüentes são edema (inchação), aparecimento de equimose (mancha arroxeada) e dor no local. Nos ferimentos abertos ocorre a ruptura da pele, sangramento e o acometimento subjacente pode ser superficial (escoriações) ou com graus variáveis de profundidade e extensão (cortes, lacerações, esmagamentos). Como a pele é um importante mecanismo de defesa contra agentes infecciosos, o rompimento desta barreira favorece o aparecimento de infecções secundárias, principalmente se a lesão  não for adequadamente tratada logo após o trauma.

Os ferimentos fechados, embora apresentem menor risco de infecção secundária, podem estar relacionados com desconforto local e incapacidade funcional da região afetada. Além disso, podem ser um sinal importante da presença de lesões internas graves concomitantes. Os indivíduos vítimas de contusões abdominais e torácicas devem procurar assistência médica, mesmo se não apresentarem manifestações locais. A aplicação de compressas geladas no local da contusão alivia a dor e reduz o edema (inchação).


Ferimentos e Acidentes com Animais => Medidas de Proteção

  • Manter sempre atualizada a vacinação contra o tétano, independente da ocorrência de ferimentos.
  • Certificar-se, de acordo com o risco presumido de exposição, da necessidade eventual de vacinação anti-rábica (esquema pré-exposição).
  • Em caso de ferimentos abertos, lavar a lesão com água e sabão, proteger com um curativo e procurar assistência médica.
  • Não se aproximar de animais, principalmente, se estiverem se alimentando, cuidando da cria ou doentes.
  • Em caso de mordedura, arranhadura ou contato com saliva de animal em algum ferimento ou na boca, lavar a região com água corrente e sabão e procurar imediatamente assistência médica.
  • Se o animal for doméstico (cão ou gato), procurar também entrar em contato com o dono para que este avise caso haja mudança de comportamento ou morte do animal.
  • Usar botas, preferencialmente de cano longo, quando for andar em pequenas vilas, sítios, fazendas e florestas, para evitar acidentes com animais peçonhentos (aranhas, escorpiões e cobras) e a aquisição de verminoses.
  • Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas. Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros.
  • Vedar soleiras de portas e janelas, frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e a parede. Usar telas em ralos de chão, pias e tanques.
  • Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Não pendurar roupas nas paredes.
  • Não manipular entulhos, tijolos ou telhas sem luvas apropriadas. Não explorar com a mão desprotegida frestas de muro, troncos de árvore ou tocas de animais.
  • Antes de colocar calçados, verificar sempre se não há algum animal dentro (aranhas, escorpiões, cobras e roedores).
  • Inspecionar as roupas antes de vestir e o leito (cama, berço, colchonete, saco de dormir) antes de deitar.
  • Em caso de acidente com animais peçonhentos (aranhas, escorpiões, cobras e animais marinhos), procurar imediatamente auxílio médico. Não realizar nenhuma tentativa de retirada da peçonha através de sucção do ferimento, e nem fazer torniquetes.
  • Evitar contato direto com qualquer animal com o qual não esteja familiarizado, uma vez que até alguns tipos de borboletas e sapos possuem venenos ou toxinas que podem levar a morte.
  • Em praias (principalmente nas oceânicas), procurar informar-se sobre a presença de peixes (como tubarões), moluscos, celenterados (água viva, caravelas), esponjas ou ouriços do mar, que possam causar alguma espécie de dano físico com o contato direto ou ingestão.


Disponível em 29/08/2008, 11:07 h. Atualizado em 29/08/2008, 09:54 h.

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