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Sarampo: Chapada Diamantina

Em 16/11/06 foram confirmados dois casos de sarampo em não vacinados residentes no município de João Dourado (445 km de Salvador), o primeiro com manifestações clínicas iniciadas em 23/10/2006. Em sequência, no mesmo município, foram detectadas mais 16 pessoas com manifestações compatíveis com sarampo, três das quais haviam participado de uma excursão à Lençóis (410 km de Salvador). Em 9/11/2006, no município de Lençóis, foi notificado um caso com suspeita de sarampo e, em seguida, foram detectadas mais três com manifestações compatíveis, todos em não vacinados e menores de um ano de idade (Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 21/11/2006). Os dois municípios ficam localizados na Chapada Diamantina (Bahia), um pólo de atração turística nacional e internacional.

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (01/12/2006), o surto de sarampo está restrito ao município de João Dourado. Foram notificados um total de 33 casos, dos quais dez foram confirmados laboratorialmente, dez descartados (incluindo todos os de Lençóis) e treze  ainda estão sob investigação. Como a Chapada Diamantina é uma área turística, é possível que a origem da infecção seja um viajante de outro país, o que está ainda sendo investigado.

As regiões em desenvolvimento (África subsaariana e do subcontinente indiano) respondem pela maioria dos cerca de 30 milhões de casos de sarampo que ainda ocorrem no mundo. No entanto, ainda em 2006, diversos surtos de sarampo foram registrados em países como Bielo-Rússia, Dinamarca, Alemanha, Grécia, Inglaterra, Itália, Polônia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Venezuela. No Brasil, entre 2001 e 2005 foram registrados nove casos de sarampo, todos relacionados a viajantes que adquiriram a infecção em outros países (Japão, Alemanha e Ilhas Maldivas). O elevado número de pessoas que se deslocam (trabalho ou turismo) de e para áreas de risco de transmissão, faz com que exista risco permanente de reintrodução de sarampo em áreas onde a transmissão autóctone foi interrompida, mas cobertura vacinal não é adequada. Nada mais previsível do que a possibilidade de reintrodução de sarampo (ou rubéola, ou caxumba) em uma área, que é um pólo turístico internacional. Determinar a origem da infecção é importante, uma vez que, se não for do exterior, pode significar que o vírus do sarampo ainda esta circulando no Brasil, apesar da aparente eliminação. Mais importante ainda do que determinar a origem da infecção, é investigar a razão da existência de não vacinados (crianças, na maioria) em uma área com intensa circulação de pessoas, provenientes de todas as regiões do Brasil e de outros países, inclusive os que ainda tem risco de transmissão de sarampo.

O sarampo é uma doença viral transmitida por via respiratória, para qual estão disponíveis vacinas eficazes e seguras. A doença ainda é uma das causas mais freqüentes de óbito em crianças no mundo, em países onde a cobertura vacinal é insatisfatória. O período entre a infecção e o início dos sintomas (incubação) é de cerca de 10 dias (8 a 14). As manifestações iniciais (período prodrômico) são febre alta, tosse "seca" persistente, coriza e conjuntivite. Evolutivamente, em geral dois a quatro dias após o início do período prodrômico, surgem manchas avermelhadas na pele (exantema máculo-papular eritematoso), inicialmente no rosto e que progridem em direção aos pés (progressão céfalo-caudal), com duração de cinco a seis dias. O sarampo pode causar complicações como diarréia, otite, pneumonia (pelo próprio vírus do sarampo ou secundariamente, por bactérias) e encefalite (acometimento do sistema nervoso central). O  geralmente é mais grave em desnutridos, gestantes, recém-nascidos e pessoas portadoras de imunodeficiências. O sarampo também pode agravar a tuberculose, em pessoas ainda não tratadas desta doença. Nas condições epidemiológicas atuais, onde os casos são raros, a história de "sarampo" com diagnóstico exclusivamente clínico, sem comprovação sorológica, não permite presumir com grau de certeza razoável a existência de imunidade contra a doença.

Disponível em 02/12/2006, 12:49 h. Atualizado em 02/12/2006, 23:27 h.

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