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Febre amarela: Minas Gerais, 2003

Está ocorrendo um (novo) surto de  febre amarela em Minas Gerais em 2003. A doença está ocorrendo na região de Diamantina (Vale do Jequitinhonha), principalmente no município de Serro (cerca de 320 km de Belo Horizonte e 650 km do Rio de Janeiro). Foram confirmados 44 casos (incluindo 16 óbitos) e 23 ainda estão em investigação (com 6 óbitos). O primeira pessoa adoeceu em 21 de dezembro de 2002,  foi internado no dia 24, com suspeita de "leptospirose", e evoluiu para óbito no dia seguinte.

Desde a confirmação do surto, foram aplicadas 52.092 doses da vacina contra a febre amarela nas populações de 72 municípios da região. Os municípios de  Alvorada de Minas, Materlândia,   Presidente Kubistcheck, Sabinópolis, Senhora do Porto, Serro e Santo Antônio do Itambé já concluiram a vacinação.

Febre amarela em Minas Gerais: 2003
Casos notificados por município: 21/12/02 - 24/02/03
 
Município Em investigação Confirmados Total
Alvorada de Minas 2 4 6
Dom Joaquim   0 1 1
Ganhães 1 2 3
Sabinópolis 5 14 19
Santo Antônio do Itambé 1 0 1
Senhora do Porto 3 3 6
Serro 11 20 31
Total *23 **44 67
*  incluem 6 óbitos
** incluem 16 óbitos
Fonte: Governo de Minas Gerais - Secretaria de Estado de Saúde (Portal Minas, 25/02/03)

Embora a infecção tenha, provavelmente, ocorrido na área rural desses municípios, os casos de febre amarela, em geral, são reconhecidos e diagnosticados em áreas urbanas. No Rio de Janeiro, como em outras cidades existe o Aëdes aegypti, que pode transmitir a febre amarela e o dengue. Portanto, a possibilidade da transmissão urbana existe permanentemente desde da reintrodução do Aëdes aegypti nas cidades brasileiras.

As manifestações da febre amarela,  não dependem do local de transmissão. Não existe um tipo de febre amarela "silvestre" e outro "urbano", mas transmissão "silvestre" e transmissão "urbana". A doença é uma só. A diferença está apenas nos transmissores e no local geográfico de aquisição da infecção. O vírus e a evolução clínica são idênticos.

O número de óbitos com diagnóstico confirmado até o momento (16)  significa que, provavelmente, ocorreram muito mais casos de febre amarela que os 44 conhecidos. A maioria dos casos da infecção apresenta manifestações leves ou não tem sintomas. São, portanto, difíceis de serem reconhecidos e diagnosticados, mas nem por isso deixam de ser uma fonte de infecção para o Aëdes aegypti.

Durante o período no qual o virus da febre amarela está presente no sangue uma pessoa pode servir de fonte de infecção para o mosquito. Uma vez infectado o Aëdes aegypti seria possível, então, a transmissão urbana da doença. Se nenhuma medida de controle fosse adotada poderia, então, ocorrer uma epidemia.

O período em que uma pessoa pode ser fonte de infecção para o mosquito é relativamente curto (três a cinco dias, a partir do início da doença). No entanto, as facilidades de locomoção e o elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas endêmicas fazem com que o risco de reintrodução da febre amarela nas cidades seja preocupante e permanente.

Esse risco pode ser significativamente reduzido com a vacinação, pelo menos dez dias antes da viagem, de pessoas que se dirigem para áreas de transmissão silvestre e "rural", com o combate efetivo aos Aëdes e com a gradativa e sistemática vacinação das populações urbanas. Além disso, é necessário ampliar a capacidade do sistema de vigilância para torná-lo capaz de detectar também os casos menos exuberantes. O Brasil possui diversos Laboratórios de Referência, capacitados a realizar a confirmação do diagnóstico de febre amarela, inclusive em Minas Gerais. A confirmação laboratorial do diagnóstico, em geral, pode ser feita em até 48 horas.

Em maio e abril de 2000 foram registrados pelo Ministério da Saúde (Funasa - dados de 30/06/2000) dois casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais, um no município de Natalândia (Noroeste) e outro no de Planura (Triângulo). Ambos evoluiram para o óbito. Em 2001 ocorreram mais de 30 casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais, com pelo menos 14 óbitos.

O Cives recomenda que o viajante seja vacinado contra a  febre amarela, resalvando-se as contra-indicações, pelo menos dez dias antes de se dirigir para qualquer município de Minas Gerais, inclusive o de Belo Horizonte. Além disto, recomenda que o viajante observe criteriosamente as medidas de proteção contra as doenças transmitidas por insetos.

Fontes: Ministéiro da Saúde - Funasa (15/01 e 14/02/03 e - online), ProMED (16 e 18/01/03) e Governo de Minas Gerais (Portal Minas, 25/02/03).

Disponível em 21/01/2003, 23:54 h. Atualizado em 25/02/03, 21:36 h

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